sexta-feira, janeiro 26, 2007

Final



Último dia, já começou errado.... café da manhã, volta pra cama, dorme mais um pouco, acorda assustado. Faltam 10 minutos pra sair do quarto....banho apressado, tudo socado dentro da bolsa, esquece o shampoo no banheiro, pede o fechamento, desce, paga enquanto o funcionário pede 10% de caixinha, que não paguei, of course... Qual era o plano mesmo? Eita, almoço em Vicente de Carvalho de novo, e lá vamos sob o sol escaldante pelo metrô direto ao subúrbio... almoço, lasanha gorda, risos, louças lavadas, olhares cruzados de novo desta vez em 3 tempos simultâneos, roupas pelo tapete e o relógio gritando... faltava pouco tempo para o vôo de retorno... Tudo encerrado da mesma maneira como começou, rápido demais... Correria de carro, será que temos carona? Não temos, o ônibus a ser tomado pro aeroporto do Galeão é aquele... Embarcamos, ônibus serpenteia pela Penha enquanto eu lançava olhares agonizantes pra cobradora... Pedi um taxi, ela disse ser impossível naquele momento... tive de esperar... Avenida Brasil, salto do onibus, assombrado, olho pelos lados, nada que lembre um taxi ou alguem que pudesse ajudar na comunidade daquela favela... Informações desencontradas e a unica coisa que restou foi correr pela avenida sinalizando aos taxis que passavam e não paravam. Finalmente, depois de longos metros e minutos, um taxi amarelo chegou-se, e quando eu disse "Voa pro aeroporto" o cara entendeu direitinho, e literalmente voou baixo pra Ilha do Governador... cheguei ao aeroporto e a entrada foi digna de um filme, correndo com passagem na mão....era tarde, o avião partia naquele momento, tive de remarcar.... Quase surtei na fila esperando o atendimento da GOL, e 498 reais depois lá estavamos de volta ao rol dos passageiros que esperavam um avião que decolaria as 20:30h pra Campinas... Muita água, café e cigarro depois, quando tudo se acalmou, check in foi feito com uma hora de antecedência e liberados para a sala de embarque....Havia muita coisa confusa na cabeça ainda a respeito dos últimos acontecimentos, mas a poltrona trouxe um conforto silencioso inesperado para as costas até quando, faltando 15 minutos para o embarque, foi avisado no alto falante que o vôo estava suspenso.... minha decepção não teve limites, até quando finalmente, mais de 2 horas depois, estávamos no avião decolando....muita turbulência depois, numa noite estupenda que revelou-se depois das nuvens, e numa grande mancha iluminada do horizonte que se transformou em Campinas, com tentáculos luminosos estendendo-se em todas as direções e sinalizando algo que nao tinha caído minha ficha ainda.....Rodas na pista abruptamente, reversão dos motores, sensação de tudo acabado... o aeroporto pareceu mais frio que o habitual, justo agora que eu ja estava acostumado ao mormaço carioca. Taxi, era muito tarde, casa, rotina recomeçada e uma pilha gigantesca de roupas por lavar.
Ficou a sensação da perda que até agora não sei dizer exatamente sobre o que... não sei se foi a perda da inocência, ou a perda da expectativa por algo que era uma vontade e setransformou em realidade... É certo que nenhum de todos os fatores sozinho consegue restabelecer a sensação. Somente o pacote completo traria novamente tamanha sensação de prazer e alegria, que logicamente sabemos todos, não se repetem sob as mesmas condições de temperatura e pressão.... Ficou a ausência confusa, e só.... Uma outra coisa ficou explicitamente clara.... que faria tudo de novo sem pestanejar um segundo sequer, pois a alegria foi muito, mas muito surpreendente...e que todos os segundos foram importantes.
O relato é atemporal, começa do fim pro começo, mas é honesto e claro, verdadeiro... aliás, nem tão verdadeiro como eu gostaria que fosse, mas traça muito claramente o que processei do ultimo fim de semana....gozado...a gente sai de casa em forma de homem seguro de si, confiante, e volta pra mesma casa com a sensação de quem comeu estrelas... tudo e nada ao mesmo tempo. Contraditório não?

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