Os anos passaram, as tecnologias mudaram, os
locais mudaram, eu mudei. Mudei de cidade, mudei de área, digitalizei e
mais do que nunca abracei a carreira das letras. A geração do texto,
manifestação de sentidos continua existindo.
Voltei pra cá?
não sei... apenas passei e deixei que palavras registrassem a presença.
Escrever é muitas vezes um vício tão enraizado na alma da gente que as
origens cobram nossa participação no processo.
Que venhamos a ser leves sempre, leves e decididos naquilo que gostamos.
Hoje
lembrei da Bishop e seu poema sobre as perdas. Não que eu tenha perdido
algo hoje, mas perdi tantas coisas ao longo de uma vida de resiliências
que é impossível não sentir certo apreço por ele. Peço desculpas a você
que chegou aqui por acaso e vai ver um poema em Inglês, mas eu gosta
das coisas em sua originalidade.
One Art
The art of losing isn’t hard to master;
so many things seem filled with the intent
to be lost that their loss is no disaster.
Lose something every day. Accept the fluster
of lost door keys, the hour badly spent.
The art of losing isn’t hard to master.
Then practice losing farther, losing faster:
places, and names, and where it was you meant
to travel. None of these will bring disaster.
I lost my mother’s watch. And look! my last, or
next-to-last, of three loved houses went.
The art of losing isn’t hard to master.
I lost two cities, lovely ones. And, vaster,
some realms I owned, two rivers, a continent.
I miss them, but it wasn’t a disaster.
—Even losing you (the joking voice, a gesture
I love) I shan’t have lied. It’s evident
the art of losing’s not too hard to master
though it may look like (Write it!) like disaster.