domingo, setembro 20, 2009

Memória

Feriado prolongado, pouca coisa por fazer, fui em busca do passado afetivo distante. 
Já no caminho ficou a tensão explicita no ar de como seria um reencontro depois de quase 8 anos. O último tinha sido no sepultamento de meu irmão, quando eu não me encontrava em condições psicológicas suficientes pra poder observar qualquer coisa que fosse, muito menos me colocar em posição nostálgica sobre a promessa de uma vida inteira, mas que durou precisos 5 anos e 6 meses devido ao desgaste natural da relação e os interesses convergentes.... eu queria mais.
A cidade havia mudado, os caminhos eram os mesmos, as memórias jorravam feito cascata em dia de tempestade, trazendo à tona lembranças distantes de cheiros, pessoas, locais, fatos, alegrias e tristezas com lampejos de dor. A chegada mostrou uma entrada familiar, um caminho tantas vezes percorrido com seus degraus cheios de investimento afetivo que se desvaneceram no passado, um corredor e uma figura que esperava na porta. Milhares de coisas que foram programadas pra serem ditas, e a primeira coisa que escuto é: "Que voce fez com seu cabelo? Ficou uma bosta!" Somente a intimidade compartilhada por tanto tempo me permitiria uma resposta compatível do tipo " O cabelo é meu, gosto assim e voce tá careca". Gargalhadas.
O tempo foi implacável mostrando seus sinais e platinando o rosto, mas o mesmo brilho dos olhos continuava lá, ligeiramente embotado por tanto tempo sem notícias e confirmado com a frase dita ao acaso "voce demorarou muito pra aparecer".... nem tudo é como a gente deseja.
O amor pode nao desaparecer, mas o que fica certo é a presença da solidão e como essa escolha segue as pessoas durante os anos... Por escolha ou por necessidade, definitivamente as consequencias surgem, o tempo endurece, mas as pedras do caminho continuam as mesmas.



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