In Excelsius Deo

Natal...

Sempre fui meio contrário aos sentimentos evocados pelo natal, ou pelo menos, quanto aos sentimentos que espera-se que tenhamos nesse período. Esse negócio de união, confraternização depois de um ano inteiro de más ações e sentimentos mesquinhos, como se numa noite pudéssemos utilizar de todo o perdão do mundo para um novo recomeço, para sim, recomeçar tudo errado na manhã seguinte. Não é comigo.... Sou muito mais realista, pé no chão até demais, de modo que não venha a sonhar com coisas difíceis de acreditar.. sonhar sim, mas ser utópico não funciona... Melhor que a realidade de todo dia prevaleça inclusive na data de hoje.

Espera-se que consumamos mais, que gastemos mais em busca de uma felicidade pessoal e alheia que é fac-simile.... ela imita um sentimento que não existe, e por um período curto de tempo, nos sentimentos felizes por fazer os outros felizes, isso tudo incentivado por um marketing agressivo, em que os shoppings centers decoraram suas vitrines desde novembro, para que havesse já um clima prévio. Não gosto de ser forçado a me sentir o que não é verdadeiro e parece que as demais pessoas também ficam um tanto quanto anestesiadas a isso... é tudo rotina.

Acaba-se lembrando de pessoas que não estão mais entre nós. A falta é substituída por uma sensação de que a força da natureza em continuar nos obriga a tocar adiante, num mundo cão em que os homens estão cada dia piores, como num retrocesso iminente à uma era paleozóica de sobrevivência... sim, a vida continua apesar ds tudo o que é de mais torpe continuar existindo lá fora, enquanto temos uma mesa farta de comida, outros estão pelas ruas, solitários e distantes, inacessíveis devido a fatores da própria vida.

Os vizinhos gritam a contagem regressiva através de vozes bêbadas confundindo o ano novo com o natal....Talvez a festa que deveria ser de reflexão seja efusiva e banhada demais na cerveja... ou talvez eu não seja a pessoa mais indicada pra escrever sobre o Natal...

In Excelsius Deo. Feliz natal a todos.