Sempre curti pequenas coisas do dia a dia que me surpreendem. Acho que prefiro dessas surpresas descompromissadas à qualquer outra coisa. Me explico:
Já faz bastante tempo que trabalho, sempre sob intensa pressão e sempre correndo de um lado pro outro dentro da empresa. As pernas agradecem o exercício fisico, mas a cabeça fica tão cansada que ao final do expediente me encontro praticamente esgotado. Agora que passei a utilizar ônibus municipal, passei a desacelerar durante o caminho, e ao descer perto de minha casa, não mantenho o mesmo ritmo apressado do dia todo. Gosto de andar calmamente, observando as pessoas ao redor, os prédios iluminados, o cheiro do churrasquinho de gato, tantos rostos desconhecidos e suas histórias pessoais que esse exercício de tirar o pé do acelerador se torna uma uma diversão. Hoje observei duas mulheres já na casa dos 40 e tantos anos, provavelmente prostitutas a caminho da balada, animadas nas suas saias curtas, botinhas de uma moda já ultrapassada, decotes generosos e muitos colares combinando com as bolsas surradas. Não pude deixar de sorrir, pois elas contrastavam tanto com a multidão ao redor com a animação que elas apresentavam, que a imagem tinha algo de surreal quase. As pessoas apressadas, com seus rostos preocupados e cansados, voltando do trabalho, indo pra casa ou ainda seguindo pras aulas aulas... Não pude deixar de notar e sorrir. A alma agradeceu o refresco. A noite vai ser boa.
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