quinta-feira, junho 22, 2006

Viva a 1.000, morra aos 30




Costumo estar com os neurônios operando em velocidade máxima possível o tempo todo, plugado a 220 voltz ou a 440 voltz como um amigo virtual me disse nesta semana. Ou seja, enquanto estou digitando o mais rápido possível (pra não esquecer a frase pensada), já estou pensando na próxima frase, estou pensando em co-relações possíveis ao que estou escrevendo, já estou pensando no que devo fazer nos próximos minutos e se bobear, já estou calculando o que vou fazer amanhã. Isso quer dizer que quando estou dirigindo, ao me aproximar do prédio, já fechei os vidros, já procurei o controle remoto do porteiro eletrônico. Já olhei pelo espelho 40 vezes, já observei as pessoas na imediações em busca de sinal de perigo, ou seja, tudo tem de ser perfeito pra ser feito certo na primeira vez e da melhor maneira possível. Parece perfeito, né? Mas não funciona assim tão bem na prática. Toda a minha precaução e preparação, vai por agua abaixo se alguma coisa além minha vontade não funciona de acordo com o esperado, e acabo ficando puto da vida com o ocorrido. Se nao administrado com especial atenção, isso se torna uma paranóia e em seguida, irritação constante, seguida de depressão. Trocando em miúdos: perfeccionismo.
Não consigo alterar meu status quo, por mais que eu aplique exercícios de respiração e de meditação, a história toda vez se repete, e numa dessas, acabo sendo rude com quem está por perto, sem necessidade, pois filosofando sobre o assunto recentemente, descobri que as pessoas que estão ao redor não tem culpa se eu opero minhas funções com destreza e consigo fazer tudo ao mesmo tempo. Surge um conflito: se eu posso, porque os outros não podem tambem? As coisas seriam perfeitas, não?
Cabe aí uma boa dose de humildade e compreensão, de entender as diferenças inter-pessoais, justamente eu, um necessitado da compreensão das diferenças alheias...
Parafusando sobre o tema, me voltei ao passado, quando um conhecido costumava usar o bordão “ viva a 1.000, morra aos 30 e seja um cadáver bonito”.. sem querer, notei que a aplicabilidade desse refrão sem-vergonha não serve pra mim. Já que é pra viver a 440 voltz, se é pra morrer cedo devido à tanta coisa funcionando ao mesmo tempo (os chips neurais tendem a pifar com antecedencia), que seja em grande estilo. Certamente estarei pensando ao fechar os olhos que esqueci de apagar a luz do quarto, ou então que eu tinha um email pra passar pra alguém. Os anjos vão me receber de braços abertos e uma descompostura. Mas certamente vou perguntar se não tem nada a ser organizado ou um laptop pra passar uns emails e ajudar na estrutura organizacional....

Trilha sonora do momento: Heaven, I’m in Heaven – Fred Astaire

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